Podia ser o fim do mundo, mas é apenas a minha cabeça a pedir contas ao coração.
- Porque és tão impulsivo, pequeno cubículo da emoção?
- Não sei, talvez seja do ar, do vento que anda parado, responde o músculo cardíaco sem ligar.
- Como explicas a imensidão de objectos que vivem no nosso palácio?
- Sei lá... o desejo de possuir, a herança dos tempos modernos. Ser e ter, ter para ser, por aí
- ...
- ...
- O que vamos fazer para mudar os nossos estranhos hábitos de consumo?
- Eu estou a ler um livro... e... agora é que vai ser!
- Não temos espaço no lar. Temos estado a subir pelas paredes para mudar de divisão... pouco prático.
- Sim... pouco prático.
- Pouco, nada. Muito pouco ou nada prático. Dormir numa cadeira, almoçar na banheira. Achas bem?
- Eu agora ando mesmo a ler um livro que...
- Se daqui a uns dias não simplificares a nossa vida, simplifico-a eu, disse a cabeça, ameaçando o coração com a mão.
O coração escondeu-se de vergonha e medo. A cabeça foi meditar para a cozinha, onde preparou um café.
Nenhum comentário:
Postar um comentário