Ela era uma mulher na casa dos 30 com pretensões de vir a ser conhecida pela sua boa escrita, fluida, inteligente e ágil… mas não tinha argumentos e ideias congruentes que lhe permitissem iniciar, dar um corpo e terminar airosamente uma história. Mesmo com 10, 15 páginas como era a proposta. Ela era simplesmente preguiçosa ou árida de um pensamento continuado que lhe daria a oportunidade de finalizar algo que ainda não tinha começado?
Ela era parva e matutava sobre isso. Ela era um génio e sonhava com isso. Delirava e confabulava. Histórias de sucesso e discursos oscarianos. Tudo lhe chegaria um dia, queria acreditar, sem muito ligar.
Mantinha o seu trabalho de funcionária pública num estaleiro com crianças. Todos os dias de regresso a casa, planeava sentar-se no sofá com o computador no colo e principiar a sua conquista do Universo. Contudo, era o jantar, um livro que a cativava, os filhos para educar, a roupa para lavar, secar, passar, dobrar, guardar e voltar a vestir. Era um ciclo pernicioso que não a deixava escrever e ser maravilhosa.
Um dia fartou-se desta vida de patéticas aspirações e foi ao seu médico de família. Pediu com gentileza e, passados 2 meses de apoio psiquiátrico, foi-lhe concedida a solução.
A Medicina agradece sempre aos dadores de órgãos.
“O meu cérebro vai servir alguém mais produtivo”, pensou ela antes de adormecer anestesicamente…
Ela era parva e matutava sobre isso. Ela era um génio e sonhava com isso. Delirava e confabulava. Histórias de sucesso e discursos oscarianos. Tudo lhe chegaria um dia, queria acreditar, sem muito ligar.
Mantinha o seu trabalho de funcionária pública num estaleiro com crianças. Todos os dias de regresso a casa, planeava sentar-se no sofá com o computador no colo e principiar a sua conquista do Universo. Contudo, era o jantar, um livro que a cativava, os filhos para educar, a roupa para lavar, secar, passar, dobrar, guardar e voltar a vestir. Era um ciclo pernicioso que não a deixava escrever e ser maravilhosa.
Um dia fartou-se desta vida de patéticas aspirações e foi ao seu médico de família. Pediu com gentileza e, passados 2 meses de apoio psiquiátrico, foi-lhe concedida a solução.
A Medicina agradece sempre aos dadores de órgãos.
“O meu cérebro vai servir alguém mais produtivo”, pensou ela antes de adormecer anestesicamente…
2 comentários:
Ola Anne Marie,
já leio o seu blog há imenso tempo.
E faz-me sempre rir. Este texto é do melhor ;-)
Doar o seu cérebro lololllololoolol
Continue a escrever. Acho-a uma escritora diamante não polida , ainda.
Beijinhos,
Maria João.
Obrigada, Maria João!
Afinal ninguém quis o meu cérebro...
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