Tenho andado a mil, apaixonada por tudo. Com pouco tempo para me dedicar à escrevedura. A ler como uma doida, a trabalhar arduamente com prazer, a teatralizar, a viver com gosto. A fazer dieta. A faltar ao ginásio e a pagá-lo, coisa estúpida e impensável nestes tempos de crise. A desenvolver um plano de recuperação financeira optimizando as futuras idas às máquinas do exercício e à piscina. Vou hoje, já decidi. Vou regressar à boa forma com o olho na televisão a ver imagens que geralmente não tenho acesso porque sou teimosa e não quero tv e depois, ainda há a crise. Se não for ao ginásio 2/3 vezes por semana não compensa. E a crise... e o telhado da minha casa que tem de ser pago mas ainda há chuva no último andar, logo agora que faz sol. E a Ordem dos Psicólogos que tem a loja em baixo e não me deixa cumprir a minha obrigação primordial de sócia. Pagar quotas em tempos de crise. E o IRS que vou fazer e não me apetece. Mas é melhor fazer para ganhar algum. Talvez dê para pagar o telhado. Ou um jantar. Embora eu talvez deixe de jantar. Por causa da crise e da dieta. Se vou dormir, para quê comer? O melhor será desfalecer de fome e confundir tudo com sono. Poupar aqui e ali. Porque a crise está aí e morde-nos as canelas e passa-nos a preocupação. Já ouvi dizer que não vamos ter subsídio de férias. Se não tenho, como é que vou pagar o telhado, a Ordem, como é que ponho a minha vida em ordem Tenho de ir viajar pelo mundo e gastar dinheiro. Investir na Humanidade, ficar sem um tostão. E agora arreliam-se com a crise. Como se não tivesse outros assuntos para me entreter.
Está meio sol e é cedo. Vou ao ginásio! É importante não vacilar. É fundamental não desistir. Eu quero vencer a crise. E a crise começa logo de manhã, quando os lençóis nos acariciam o corpo e seduzem para mais ZZZZZZZZZZZZZZZZZZ...
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