domingo, 26 de dezembro de 2010

Sonhos de Natal

Acordo transpirada e mal dormida. A minha alma afundou-se no meu corpo tomado pelas iguarias do Natal. Não consigo ligar os neurónios, acender os olhos, despertar. Restos de alimentos passeiam por mim, entupindo-me as funções vitais. Morro uma vez, exausta de não conseguir mexer-me com excesso de tudo. Morro pela segunda vez de tristeza pela primeira morte que me deixa com tão pouca vida. Suspiro no além e sou tomada por um terceiro falecimento só porque não há duas sem três. Acordo aliviada e respiro a custo. Desmaio envenenada pelo Natal e pelos seus sonhos. Tento levantar-me da cama mas o corpo fatigado murmura calma e não me movo. Fico parada em exercício de pré-pensamento. Estarei eu Ana? Transformei-me durante a noite, sou um ser imenso e o meu palácio não me serve. Acordo a tremer de frio na rua. O quintal da vizinha está branco de neve que imagino existir. Deliro de arrepios, bato os dentes até tudo estremecer à volta e causar um terramoto.. que provoca um maremoto. Afogo-me na minha quarta morte e contudo, vivo. Encontro-me a acordar no meu quarto, quente, mas sem vontade de despertar para a vida. Finjo morrer mais um bocadinho e adormeço livre. Passam-se minutos, horas, dias. De novo desperta, já com energia suficiente para enfrentar a alvorada, saio da cama ao meio-dia. Não volto a festejar a gula do Natal, prometo-me.

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